sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Dois Mil e Tanto
Frio fúnebre
Gélida escuridão
Ausência de qualquer ruído
Palpável tensão
O medo cortante arranca-me as últimas gotas de esperança
Deus, não me deixe mais viver
Manda o anjo da morte, que ele me tire daqui
Envia depois o da vida, aquela eterna ao lado teu
Só não posso mais ficar aqui
Nesse universo cruel
Mundo de opressores
Oprimidos
Terra de gente insana
Loucos
Uns que morrem por nada
Outros matam por tão pouco
Suicídio agora é moda
Pobres almas inquietas, confusas
Por motivos esdrúxulos
Álcool, posses, luxos
Aniquilam suas vidas obtusas
Homicídio agora é fashion
O que mata e sai ileso
Este é ídolo, é lenda
À sociedade, desprezo
À quem passar perto, contenda
Genocídio é roteiro de cinema
Chacina, motivo de orgulho
Assalto agora é corriqueiro
Sequestro é coisa tão pequena
Grandes mesmo são as filas no hospital
Vandalismo, dos males o mais natural
Fauna e flora, pobrezinhas
Delas, pouco sobrevive
O que não foi liquidado
Corre risco de extinção
Água doce é sinônimo de riqueza
A potável, só se encontra em leilão
Deus, me ouve, por favor
Atende os meus pedidos
Meu desejo, meu último suplício
Me tira deste martírio
Não suporto viver entre essa gente
Não quero mais integrar a raça humana
Transforma-me em árvore, em planta
Assim vou mais rápido, assisto menos
A devastação que está apenas começando
E posso me orgulhar, como prêmio
Por não colaborar com tantos danos.
Mariana Luz
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2 comentários:
Lá vem novamente o fanático suspeito comentar uma prima obra desta maluca. Um dia escutei dizer que não conseguia colocar no papel seus pensamentos sociais de crivo ferrenho. Que engodo! Incrível, cético como sou, estar agora alçando meus braços aos céus para que jamais deixes de afogar-me em seu enxurro de sapiência.
Obrigada, Luh. Você que é incrível, sempre falei isso...
O silêncio muito vale.
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